terça-feira, 24 de outubro de 2017

5º. Movimento “Você e a Paz” com Divaldo Franco Amparo, SP

22/10/2017

Apesar da chuva fina, milhares de pessoas se reuniram na Praça Pádua Salles para celebrar a paz. O 5º Movimento Você e a Paz, realizado em Amparo-SP, contou com mais de 500 voluntários na organização do evento, patrocínio da Química Amparo Ltda - Ypê e apoio da Prefeitura Municipal de Amparo. Camisetas e balões brancos foram distribuídos a todos os participantes do evento, para que pudessem percorrer as ruas da cidade, buscando a paz íntima.
Divaldo Franco abriu a caminhada saudando aos presentes e mencionando a felicidade imensa que era se reunir com pessoas que almejam a paz e que esta deve ser a maior meta da vida, porque de nada adianta possuir tudo e não ter paz interior. Disse ainda que se tivesse que escolher, escolheria primeiro a paz íntima e depois os valores, porque em paz pode-se desfrutar de tudo aquilo que se possui. Sem paz, os objetos tornam-se apenas adornos pesados e desagradáveis. Aproveitou, também, para ressaltar que na cidade de Concórdia, sul do Brasil, e em Paris, outras pessoas também estavam reunidas, nesta mesma data, para o movimento Você e a Paz.

A chuva cessou para que a caminhada pudesse ocorrer da maneira mais harmoniosa possível, em que os participantes, imbuídos das palavras consoladoras de Divaldo Franco, propuseram-se a refletir ainda mais sobre a paz. Era visível a alegria e o sentimento de paz que reverberavam entre os caminhantes presentes, em busca de reafirmar a paz íntima.
Após a o retorno à praça, o evento continuou com atividades gratuitas nos espaços de orientação jurídica, cafezinho da paz, interação, saúde, beleza, recreação para as crianças e leitura. Como encerramento do dia de atividades e palavras de paz, houve o show do cantor Guilherme Arantes.
Ao cair da tarde, por volta das 18h00, deu-se seguimento, no palco montado à praça, a profundas reflexões sobre a paz. A Sra. Ana Maria Veroneze Beira, organizadora do evento, agradeceu a presença de todos que estavam ali para ouvir as mensagens de paz que seriam trazidas por líderes religiosos. Pontuou que mesmo com os avanços tecnológicos, na atualidade, há um distanciamento dos valores ético-morais imprescindíveis para a construção da paz no mundo. Alertou para o fanatismo e a segregação que ameaçam a paz entre os povos, trazendo, como consequência, os desastres morais e materiais, em que muitas vidas são perdidas pela violência. Convida, aos ouvintes, a germinar gentileza, paciência, perdão e amor, vivenciando-os a cada momento da vida em pequenos gestos, pois a vida é a maior expressão do Amor de Deus pelo ser humano.

A seguir, Pastor José Lima, da Assembleia de Deus Ministério do Belém de Amparo, iniciou sua fala com a promessa de paz, em que, no terceiro milênio, o Amor aparecerá, enquanto as lágrimas desaparecerão e as dores cessarão, cabendo a cada indivíduo fazer seu papel para que a paz de Deus conserve o coração do homem.
Dom Luiz Gonzaga Fechio, Bispo Diocesano de Amparo, lembrou que o apelo desse evento se torna cada dia mais atual, pois somos nós os responsáveis pela paz. Cada indivíduo deve se responsabilizar pela sua parte no espaço que lhe cabe, a começar da própria família e sua vida pessoal. Assumir os compromissos com o bem comum, aos invés de delegá-los. Quem segue a Cristo, encontra a verdadeira paz, que só ele e jamais o mundo, pode dar. Paz, que Francisco de Assis acolheu e viveu como testemunho e que pode ser encontrada na mansidão e humildade de coração, em que o homem é chamado a salvaguardar o próprio homem. Encerra citando Gandhi: “não existe o caminho para a paz porque a paz é o caminho” e convida para que se faça qualquer ato de amor, por menor que seja, como ato de paz.

Divaldo Franco iniciou sua fala, narrando a história contida na obra O Girassol, de Simon Wiesenthal. Esta foi escrita depois de um período de muito sofrimento vivido pelo autor. Fala-se tanto de paz, mas essa é tão rara! O indivíduo belicoso, a sociedade agressiva, os trabalhadores do bem cansados e o religioso indiferente à dor ainda não encontraram a paz.
Wiesenthal, polonês e judeu, é levado, na segunda guerra mundial, ao campo de concentração de Mauthausen-Gusen, localizado próximo da cidade de Linz na Áustria, testemunhando o assassinato da sua avó e o embarque de sua mãe em um vagão de carga contendo mulheres judias idosas. Ele foi destacado para remover o lixo em um hospital para soldados alemães feridos na ofensiva dos aliados e enquanto trabalhava acercou-se dele uma enfermeira e certificando-se de que Simon era judeu lhe fez sinal para que a acompanhasse.
A enfermeira o levaria para visitar um soldado alemão gravemente enfermo, Karl Silberbauer, e que desejava falar com um judeu. Silberbauer tinha sido educado no cristianismo, porém, fascinou-se pelo discurso de Hitler. Nesta condição, havia cometido vários atos de barbárie. Estava atormentado e arrependido em seu leito de morte e solicitou a Wiesenthal, após narrar as atrocidades que fizera, ser perdoado por ele, um judeu. Simon Wiesenthal, diante de seu próprio sofrimento, não foi capaz de perdoar.
Karl Silberbauer solicitou também que Wiesenthal procurasse a sua mãe e lhe dissesse que estava arrependido e que morrera cristão. A isso, o autor do livro fora capaz de atender, porém jamais de perdoar um nazista.

Divaldo encerra a narrativa, perguntando ao público se seriam capazes de perdoar. Leva aos presentes a meditar sobre o perdão, refletindo que se fala tanto de paz e quando chega o momento de perdoar, apela-se para a razão, que estabelece os parâmetros do equivocado, do crime. Na atualidade, ainda se dispõe de leis imperfeitas para reeducar os criminosos. Divaldo Franco aconselha a perdoar em qualquer circunstância, pois a vítima merece ter paz: com o perdão para com um crime, liberta-se do tóxico criminoso que lhe foi injetado pelo bandido. Não se deve perder a razão de viver esperando uma vingança. O indivíduo merece paz, e para que a logre, é necessário que se perdoe.
Perdoar não é conivir com o crime. Este deve ser corrigido, educado; mas não cabe a vítima devolver o ultraje. Perdão é não devolver a ofensa. É necessário que se estabeleça uma jornada diferente da Wiesenthal, almejando, assim, o primado do perdão, da compaixão pelo outro. A verdadeira paz é a harmonia interior que nunca devolve aquilo que é danoso.
Fiódor Dostoiévski quando exilado na Sibéria, recebeu no trem um exemplar do Novo Testamento e ao ler sobre Jesus, escreveu obras incomparáveis. Afirma, em sua obra O Idiota, que a beleza salvará o mundo, porque Deus é Amor. Divaldo menciona esse é o Amor que produz, no perdão, a paz da consciência tranquila, do caráter régio e dos hábitos corretos. É através de uma conduta interior reta, que o mal dos maus não pode fazer mal. E convida a todos, inspirando-se em Mohandas Karamchand Gandhi, a ser esta paz que não tem caminho, mas que é o caminho.

Texto e fotos: Sandra Patrocínio


(Recebido em email de Jorge Moehlecke)